quinta-feira, 3 de setembro de 2015

O adulto e a criança dentro de si

          A pessoa com algum transtorno de ansiedade vive uma situação paradoxal. Por um lado, vive com intensos sentimentos de insegurança e vulnerabilidade, e ao mesmo tempo, tem que dar conta de diversas responsabilidades e tarefas da vida adulta. É como se a pessoa estivesse dividida: tem um lado adulto e responsável convivendo – e às vezes se alternando – com um lado infantil e inseguro. Este contraste pode fazer com que a pessoa se sinta confusa e desorientada. Muitas vezes a pessoa começa a se cobrar, se criticar, não aceitando seu lado inseguro: “mas eu não deveria me sentir assim, eu tenho que ser forte…”. A não aceitação do medo torna a pessoa ainda mais insegura, pois ela passa a ficar com medo de ser dominada pelo medo. O caminho está em aprender a usar seu lado adulto para cuidar e ajudar seu lado infantil e inseguro.
          Imagine uma criança com medo de trovão. Um adulto que a critica e grita com ela, exigindo que ela vença seus medos dificilmente vai ajudá-la a superar usa insegurança. Do mesmo modo, o adulto que se tranca no quarto junto com a criança, fechando as janelas para que os trovões fiquem longe, tampouco ajudaria. A melhor atitude, no caso, seria reconhecer o medo que a criança está sentindo, segurar na sua mão para acalmá-la, conversar e ajudá-la a entender o que acontece e só depois convidá-la a se aproximar da janela, olhar a chuva, os raios e assim começar a enfrentar a situação temida…
          O enfrentamento dos medos irracionais é a melhor estratégia para domesticá-los, porém este caminho só funciona se a atitude for primeiro, de aceitação do próprio medo.
          Depois, é importante uma atitude de apoio incondicional para ajudar a criança a ir perdendo o medo de sua reação emocional, perder o medo de sentir medo para, então ir perdendo o medo dos raios e trovões.
          Esta atitude do adulto que ajuda uma criança a superar seus medos é a mesma que uma pessoa ansiosa precisa ter consigo mesma, esteja ela com Transtorno do Pânico, Fobia Social, Estresse Pós Traumático, etc. Seu lado adulto precisa pegar na mão de seu lado infantil e assustado e ajudá-lo a aceitar o sentimento, gradativamente ir olhando seus temores para perder o medo do que sente e aprender a olhar com mais lucidez para as consequências catastróficas temidas, para ver como o monstro não é tão perigoso quanto parecia.

Artur Scarpato - http://www.psicoterapia.psc.br/blog/

quarta-feira, 2 de setembro de 2015

O tempo...

         

           O tempo é fagulha que se perde no piscar dos olhos e você não pode fazer nada para voltar ao que era ou ao que se passou. Não é possível recriar situações para possuir as mesmas sensações. O ar do outro dia é diferente, o clima já não é tão quente e você já não é mais o mesmo em 24 horas. Por isso, não queira voltar para o passado, faça acontecer no presente.
         O tempo está em nós, ele se encontra em tudo que respira, se move ou que possui algum impulso, e os que mais se afetam são os que possuem apenas o último ímpeto e não conseguem escutar o que a alma realmente quer dizer, pois são os que perdem tempo tentando consertar erros e não querem enxergar a vida.
         Às vezes, a insistência da alma também é o atraso do tempo. “É ele, ele é o amor da minha vida.”, será que isso não é insistir no erro, enquanto o seu acerto te procura? Imagine quantas oportunidades de sorrisos perdemos com pessoas que não dão valor ao relógio que não para por você estar sofrendo.
     Quanto custa os seus segundos? Para mim, valem muito. São os momentos que eu mais levo comigo. O segundo que eu percebi que era amor, o primeiro segundo do sorriso de gratidão, a primeira vez que senti a solidão mesmo com todas aquelas pessoas ao meu redor, os segundos daquele telefonema que me disse que ela havia falecido. Esse flagelo de tempo, foram segundos que se transformaram em anos e ficarão guardados na minha alma.
         Já perdi muito da minha vida sem saber o valor de tudo isso que eu escrevi, de achar que um dia eu poderia recuperar todo o tempo desperdiçado, que viver sem consequência era bom e que eu poderia insistir em erros. Por ironia, só o tempo foi capaz de me amadurecer e me fazer entender a preciosidade dele. Hoje eu não tenho hora para perder com quem não sabe viver. Dou prioridade a tudo que me acrescenta, que me inspira ou que me move. Se não for assim, a única coisa que sentirei falta será do tempo que não volta mais.

Thiago Banik, escritor do blog: www.esperandonoponto.com.br