Não pode
ser! Eu pisco meus olhos repetidas vezes, esperando que o ato de abrir e fechar
os olhos rapidamente me tragam de volta a realidade, e o que estou vivendo
novamente agora simplesmente suma como uma lembrança. Mas não adianta, porque
eu conheço tão bem essa dor que reconheceria ela até se visse em outra pessoa. Esse
medo que me invade e essas lágrimas que escorrem de forma descontrolada só
provam que por mais que eu tente fugir a dor voltou e voltou para me mostrar
que eu sempre serei fraca e ele sempre será maior. As pessoas dizem: “Tu não
precisa ter vergonha por ter passado mal num lugar público, isso acontece com
todo mundo”, mas o que elas não sabem é que meu passar mal envolve muito mais
do que sintomas físicos. Há três dias eu tive uma crise de síndrome do pânico no
shopping e desde lá a ansiedade, as lagrimas e a tristeza voltaram a se fazer
presente no meu eu.
-Eu tenho síndrome do pânico moço! Foram
palavras que eu disse para tentar tranquilizar as pessoas que estavam ao meu
redor tentando de alguma forma me acudir, recebi muitas respostas do tipo “Fique
calma, você não vai morrer isso é apenas uma sensação passageira”. Eu não morri.
Não morri o ano passado e não morri esse ano. A síndrome do pânico de fato não
mata ninguém, quando cheguei ao ambulatório meus sinais vitais estavam estáveis,
mas o que ninguém sabia é que dentro de mim morria a esperança, a esperança de
estar livre dessa dor, mas ela é maior que eu, e fez questão de me mostrar
isso. Em questão de 30 minutos, que foi o tempo que levou para alguém ir me buscar,
foi o tempo que bastou para eu relembrar tudo que vivi o ano passado, foi o
tempo necessário para eu entender que mesmo que o tempo passe e a doença pareça
estar controlada ela sempre vai fazer parte de mim e ela sempre vai ter esse
poder devastador dentro de mim!
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