domingo, 14 de setembro de 2014

A confusão de sentimentos

Eu nunca tinha pensado sobre o medo, na verdade sempre falamos sobre os sentimentos: amor, coragem, lealdade, insegurança, ciúmes e medo. Mas só é possível entende-los verdadeiramente quando se sente, alias sentimentos foram feitos para sentir e não explicar. Já tinha sentido medo, medos reais: medo de assalto, medo de insetos, da morte, de perder entes queridos, mas nada se compara ao que tive nos últimos tempos.
Tudo começou de repente, eu estava em uma pizzaria, inicialmente pensei que estava passando mal do estomago, fiquei bem nervosa. Quando me dei conta que não era nada estomacal associei a saudade do meu namorado, afinal, em seis anos era a primeira vez que havíamos nos separado por tanto tempo, ele havia ido viajar para outro país e nossa comunicação estava restringida. Me convenci que havia sido isso.
Duas semanas depois fui a um reencontro com ex colegas de serviço, quando cheguei me senti muito deslocada, uma sensação estranha, afinal já havíamos feito tantas vezes esses tipos de encontros. Quando todos começaram a me perguntar sobre meu namorado a ‘coisa’ piorou, foi crescendo dentro de mim, uma ansiedade, e eu sentia que não podia mais ficar ali, fingi que recebi uma ligação de emergência e sai o mais rápido possível. Chorei todo o caminho de volta, quando cheguei minha mãe se assustou, logo me abraçou e tentou me acalmar. Mas algo dentro de mim parecia que ia explodir, meus pés e mãos formigavam, e eu estava muito nervosa. Já tinha certeza que era saudade do namorado, afinal tudo piorou quando ele foi lembrado.
Só me dei conta que talvez não fosse isso quando, poucos dias após esse episodio no shopping fui atacada novamente por essa sensação, dessa vez me senti em pânico, não sei se medo, mas pânico, desespero, uma ansiedade muito grande dentro de mim, meu coração disparou, meus pés e mão começaram a formigar e pensei até que fosse desmaiar, liguei para minha mãe imediatamente, ela me orientou que fosse ate a praça de alimentação que estava indo me encontrar. Lutei pra não chorar e foram os 30 minutos mais longos da minha vida, tomei quase um litro de coca-cola e fui ao banheiro muitas vezes. Quando ela chegou me senti melhor, mas ainda estava muito abalada. Em casa fiquei mais calma, mas ainda estava ansiosa, nervosa, e não conseguia parar de ir ao banheiro. 
Durante a semana tive dois dias ruim do estomago, vomitei, fiquei fraca e muito frágil e a sensação de pânico as vezes vinha, mas não ficava muito. Permaneci em casa o resto das férias, evitava sair. Passei a ter medo de ter novamente uma crise. Fiquei assustada e marquei psiquiatra.
Iria iniciar um emprego novo daqui a 2 semanas e o psiquiatra era só dali um mês.  Graças a Deus meus primeiros dias foram ótimos, eu estava bem, até me sentia feliz de novo. Até o dia em que tive uma nova crise, eu estava na escola, já na entrada percebi que algo vinha se aproximando, tentei me acalmar, quando vi meus alunos me esperando quase comecei a chorar, eles precisavam de mim e eu tinha que me segurar, por eles. Foi uma tarde horrível, tive todas as sensações: ansiedade, nervosismo, suor frio, formigamento nos pés e mãos, descontrole da urina. Sem dúvidas a pior tarde da minha vida, porque meus alunos precisavam de mim, e eu não conseguia dar atenção à eles. Quando cheguei em casa chorei muito, fiquei mal do estomago.  
Após a consulta com o psiquiatra me senti mais segura, entendi um pouco o que estava acontecendo comigo, por algum motivo desenvolvi síndrome do pânico, e agora medicada achei que as coisas realmente fossem melhorar mesmo. Não posso negar que de fato consegui me controlar mais, e com os remédios não tive mais crises, a única ameaça, consegui controlar com auxilio da medicação. Me senti um pouco dopada, mas consegui me controlar e isso foi uma grande vitoria.
Mas agora, de vez enquanto me sinto muito triste e choro muito, se perguntarem nem sei o motivo exato, mas choro muito. Sinto que estou doente e preciso de ajuda pra me recuperar, quero muito acreditar que isso é só um momento que estou enfrentando. 
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